Ramires, um Guerreiro Azul!

Sempre determinado, sempre focado, Ramires um atleta imprescindível no elenco.

Assim ele é visto. Se não der pra pará-lo na bola, que seja com falta.

Sua primeira partida com aquela camisa cinco estrelas foi logo no maior templo do futebol mundial, o Maracanã. Quando o vi, logo pensei: "O que esse garoto raquítico está fazendo como segundo volante?". Parecia um absurdo. Já fui criando estereótipos. Afinal, no cenário nacional, poucos são aqueles que me tratam com carinho. Jogador assim, atuando no Brasil tá em extinção. Existe um ou outro meia-boca, aliás, um ou outro é bondade. O resto, bom, é melhor nem comentar. Como me maltratam.

Mas voltemos àquele camisa oito do time azul. Aos poucos foi perdendo a timidez. Quando partia em grande velocidade nos contra-ataques, mostrava ali um dos seus pontos fortes e um de seus diferenciais. Ele não olha para o chão, como alguns, que se dizem profissionais, ainda fazem, ele me dominava e já partia mirando o gol, a área adversária.

Comecei a prestar mais atenção no seu estilo de jogo. Os seus adversários ainda não, muito pelo seu porte físico, que não botava medo em ninguém. Afinal, um garoto desengonçado, sem nome no futebol, ousava carregar-me mais do que deveria. E ele começou a fazer isso como ninguém. Foi tornando uma grande arma para o treinador, ia se constituindo num elemento surpresa.

Apesar do seu corpo franzino, não tinha medo do que vinha pela frente. Driblava, sem medo. Não como um Alex, que anos atrás regia um time, mas tinha seu próprio estilo: meio pra lá, ou pra cá, nunca se sabe, apenas não deixava o adversário sair em vantagem.

Aos poucos a marcação em cima dele começou a aparecer. Mesmo assim não era obstáculo. Seu jeito livre, moleque de jogar, cativou uma multidão que ficava ali encima, nas arquibancadas. Logo surgiam os gritos de guerreiro: Ramires Guerreiro! O adjetivo lhe caía bem, ora, não tinha como não perceber sua vontade, sua garra, ainda mais ali de perto. Para ele não existe lance perdido. Azar daqueles que ousavam passar em seu caminho.

Azar também daqueles que tentavam lhe marcar. Ficavam para trás. Como pobres meninos a lamentar o doce perdido.

E hoje é esse garoto magrinho quem carrega um time nas costas. Olha só! Que ironia! Como as coisas mudam em um curto espaço de tempo. Um segundo volante, que fora contestado por muitos no início, agora é o ídolo de uma Nação. Um nome que ninguém ainda não tinha ouvido falar é em quem, agora, essa Nação deposita o sonho da conquista do continente.

Não tenho nada a reclamar dele. Aliás, não tenho ousadia o bastante para fazer isso. Afinal, quem melhor cuida de mim dentro das quatro linhas nos tempos atuais é ele o Guerreiro Ramires.

Assinado: A bola

 

Wallace Graciano

Graduando em Comunicação Social - Especialização em Jornalismo