quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Considerações sobre o Cruzeiro em 2009


Bem, o Brasileirão 2009 acabou e o Flamengo foi campeão. Dos 5 primeiros colocados, acertei 3 em minha lista de favoritos, o que dá 60% de aproveitamento. Não inclui o Mengo na minha lista porque realmente não acreditava que os rubro-negros poderiam concorrer com Internacional, São Paulo e Cruzeiro. Mas deu no que deu.

Para, nós, cruzeirenses fica uma amarga sensação de que poderíamos ter levado este caneco, mesmo com todos os percalços enfrentados após a decepcionante derrota para o Estudiantes. Basta contabilizar, por alto, no segundo turno: 6 pontos perdidos no último instante contra o Vitória, Avaí e Grêmio; mais 3 pontos desperdiçados contra o Fluminense nos levariam a 71 pontos, 4 mais que o Flamengo. Ficamos, contudo, apenas com a vaga na pré-Libertadores. Todavia, é importante ressaltar o poder de reação da equipe, saindo da 13ª posição para atingir a 4ª, numa arrancada extraordinária e digna de uma equipe de força e tradição como é o Cruzeiro.



Abaixo, listo uma série de pontos positivos e negativos do Cruzeiro em 2009:

Incapacidade de decidir dentro de casa.

Talvez este tenha sido o maior defeito do Cruzeiro este ano. Depois de ter derrotado Grêmio e São Paulo pela Libertadores, o time azul caiu diante do Estudiantes na final do torneio e não conseguiu mais se recuperar. Deixou escapar pontos importantes no Mineirão diante de adversários diretos na tabela (os próprios São Paulo e Grêmio, mais o Palmeiras), ou perdeu para oponentes fracos (Fluminense e Atlético Paranaense).


A evolução monstruosa da equipe nos jogos fora de casa.

O Cruzeiro está a 10 jogos invicto longe do Mineirão. Acredito que o principal fator para tal marca foi o fato do time ter jogado com mais personalidade e ter sido mais agressivo fora de seus domínios. Claramente, há um dedo do treinador Adílson Batista nesta evolução. A manutenção desta característica será de suma importância para que uma equipe que deseja decidir novamente a Libertadores e lutar pelo título brasileiro.


A manutenção de Adílson Batista no comando.

O treinador paranaense conseguiu levar o Cruzeiro novamente a uma final de Libertadores e garantiu o time – mesmo tendo disputado boa parte da primeiro turno com uma equipe mista – na 4ª posição do Campeonato Brasileiro, o que mostra que Adílson tem domínio sobre o elenco. Não acho justo que a perda da Libertadores seja creditada na conta do treinador celeste. Também concordo que ele ainda inventa nas modificações em determinadas partidas, apesar de suas invencionices terem diminuído significativamente. A manutenção de Adílson e da base do elenco será fator fundamental para a continuação de um estrutura vencedora.



A manutenção do elenco.

O Cruzeiro conseguiu montar um bom núcleo de jogadores, o que permitiu ao time – mesmo com inúmeras contusões e negociações de jogadores até então titulares (como Wagner e Gérson Magrão) – disputar as cabeceiras de duas competições extremamente difíceis como a Libertadores e o Brasileirão. É óbvio que novas aquisições são necessárias, como um lateral-esquerdo e um lateral-direito, um ou dois zagueiros e um meia-atacante. Do elenco atual, talvez apenas o zagueiro Thiago Heleno (que vive péssima fase) e o hprrível Soares devessem ser negociados. Merecem destaque, porém, o sempre seguro goleiro Fábio, o versátil Marquinhos Paraná, o sempre dedicado Jonathan e o promissor Diego Renan.


Henrique.

O volante conseguiu calar os críticos (eu, inclusive) e se tornou peça fundamental no meio-campo azul, desbancando até mesmo Fabrício (que viveu um péssimo primeiro semestre). Fez gols decisivos contra São Paulo, Estudiantes e Coritiba, além de ser incansável na marcação e na execução de suas tarefas táticas.


Thiago Ribeiro.

Com Kléber contundido, Wellington Paulista e Guérron instáveis e Soares completamente sem ritmo, Ribeiro fez gols importantes – principalmente na arrancada do segundo turno do Brasileiro -, brigou e correu muito. Talvez ainda lhe falte um pouco mais do senso de matador e da eficiência do Gladiador, mas sem dúvida Thiago foi uma peça importantíssima no esquema celeste.



Leonardo Silva.

O capitão cruzeirense foi sempre seguro na grande maioria dos jogos, além de marcar gols importantes (contra o São Paulo pela Libertadores, contra o Sport em Recife e principalmente contra o Atlético Paranaense – gol que manteve o Cruzeiro vivo pela vaga na Libertadores). Seu profissionalismo e espírito de luta melhoraram bastante o setor defensivo celeste.


Os vacilos nos últimos minutos dos jogos.

O Cruzeiro deixou escapara, nos últimos instantes de algumas partidas, pontos preciosos que poderiam ter lhe dado o título brasileiro. Foi assim com o Vitória (3-3 após estar vencendo por 3-1 até os 41 do segundo tempo), Grêmio (1-1 com um gol tomado aos 46 da etapa final) e Avaí (outro 1-1 com gol tomado após os 40 do segundo tempo). Um importante ponto a ser corrigido para 2010.


A queda do mito de que “O Cruzeiro não tem raça”.

Um dos argumentos mais batidos da torcida alvinegra é de que o time azul não tem sangue. Depois de 2009, fica difícil afirmar isto. O Cruzeiro se classificou diante de São Paulo e Grêmio na Libertadores em verdadeiras batalhas fora de casa; conseguiu viradas heróicas contra Santo André e Sport; conseguiu um empate heróico contra o Atlético Paranaense no último lance e garantiu o quarto lugar no Brasileirão vencendo, com um jogador a menos (aliás, o Cruzeiro jogou diversas partidas com jogadores a menos), o Santos, na Vila Belmiro. O que não faltou este ano foi doação por parte do time celeste.

(Nossos fregueses, ao contrário, não conseguiram mostrar a sua tão auto-proclamada “raça”. Foram incapazes de mostrar força e vencer jogos nos quais tomaram um gol primeiro, fato que ficou ilustrado nos 3 últimos jogos no Mineirão.

Aliás, outro mito caiu nesse campeonato: O de que a “Massa” empurra o Galo para cima dos adversários no Mineirão. Esta falácia, uma das mais velhas e mais utilizadas pelos penosos e pela Galopress, também foi refutada: mesmo empurrado pela “massa”, o alvinegro não conseguiu vencer Flamengo e Inter, em jogos que poderiam ter dado o título ao Galo. Mesmo com mais de 50.000 sofredores nas duas partidas, o Atlético não conseguiu sequer empatar e despencou pela tabela, sendo ultrapassado pelo Cruzeiro mesmo depois de estar 15 pontos a frente da equipe celeste.

Um terceiro mito que está por cair – e que só não caiu ainda por causa do intenso processo de lavagem cerebral feito pela Galopress – é aquele de que o Galo é um time de “tradição” do futebol brasileiro. Fica difícil afirmar que um time é tradicional se o mesmo não ganha um título de expressão há quase 40 anos. Obviamente, pessoas argumentar que o Atlético não ganha títulos, mas leva muita gente aos estádios. Ora, o Remo do Pará e o ABC de Natal também levam muitos torcedores aos seus jogos, e nem por isso podem ser considerados times tradicionais no contexto nacional. Além do mais, se torcida fosse parâmetro para definir a tradição de um time, a China era a seleção mais importante do mundo. Daqui há 20 anos, se alguém quiser pesquisar os maiores times do futebol brasileiro no final do século XX e começo do século XXI, certamente irá procurar a lista daqueles times que venceram torneios e não daqueles que levaram mais torcedores aos estádios. É claro que este tipo de argumentação não surtirá efeito contra os argumentos apaixonados da Galopress e da alienada torcida atleticana, mas fica aqui a menção.)



O profissionalismo da diretoria cruzeirense.

Tenho certeza de que muitos diretores de outros clubes brasileiros (quem seria?) demitiriam o técnico Adílson Batista após a perda da Libertadores e da sequência fraca no final do primeiro turno do Brasileiro. Contudo, a diretoria celeste não cedeu às pressões da torcida e da Galopress e acreditou num trabalho de longo prazo que já vem surtindo efeito e esteve muito perto dos títulos neste ano. Claro, acredito que se Adílson não for capaz de ganhar a Libertadores ou o Brasileirão no ano que vem, ele não deverá ficar.

Resumindo, 2009 foi um ano no qual o Cruzeiro poderia ter novamente conseguido a Tríplice Coroa, mas que acabou com apenas o título do Mineiro, o vice da Libertadores e um valente 4º lugar no Brasileiro. Para a maioria dos times brasileiros, já seria uma temporada para entrar para a história. Mas, para os padrões celestes, nada mais foi que um ano de oportunidades perdidas.

Saudações celestes!


Este texto tem a autoria de Eduardo Rodrigues e foi publicado originalmente no seu blog Miscelâneas.


13 comentários:

clique documental disse...

Carlão post mais perfeito hien...
Gostei da queda dos mitos... pq mito tem que cair por terra mesmo.
Sabe amigo: nosso Cruzeiro é o time da virada... o time do amor!!!!

Concordo que o ano, pela história do Clube, foi mediano. Ano que vem será mega ultra power excelente!!!! Confio no AB!!!!


Saudações

clique documental disse...

Amigo mudando de assunto... esse nogócio do Luxa ir para o galo foi páia viu. Tudo bem que o futebol Mineiro ganha e coisa e tal e tal e coisa.
Sabe o que me incomoda? é ver o Falil querer tudo que foi/é do Cruzeiro, aff... credo em cruz nele!!!! Ele é um Zeca Pimenteiro de mão cheia... nuuuu gosto disso...hummmmmmmmm
Agora seira bom que o Zezé levasse la na toca um benzedor... é sério!!!!!

Abração!!!

MARCIO MATA disse...

Carlão - já o adcionei em meus favoritos. Abraços. MARCIO MATA.

RÁDIO RAPOSA disse...

Mais um post histórico do nosso amigo Carlão! Resumiu muito bem o ano do Cruzeiro!
"A queda do mito..." infelizmente mitos assim sempre vão existir enquanto houver em Minas a"penas" a galopress.
"Os vacilos nos últimos..." esse ano aconteceram coisas q só tem uma explicação... os Deuses do futebol estavam de brincadeira com a gente!
"A manutenção ..." do Ab e do elenco. Acho que isso vai fazer a diferença em 2010. Time montado, time na mão... vamos firmes pra conquista da Tríplice Coroa 2.0!

Júlio Rádio Raposa

MARCIO MATA disse...

Desculpe, mas não vi meu blog em seus favoritos. MARCIO MATA.

Naldo disse...

Olá amigo,

Seu link consta em nossa seção Parceiros!

Agradecemos a parceria.

Abraço

Naldo
http://gloriososantosfc.blogspot.com/

simone castro disse...

Excelente análise, Carlão! Diante do quadro sombrio que se apresentava para o Cruzeiro, o treinador e alguns jogadores como Leonardo Silva e Gilberto fizeram a diferença!
O mais importante foi a conquista do DIREITO de disputar a LA,coisa que um cero timeco disse que conseguiria e nem isso...
Só pode ganhar uma LA que a disputa!
Espero um ano de glórias para nosso Cruzeiro, e que todo o esforço e garra de 2009 sejam recompensados em 2010!

Zêro Blue disse...

Pessoal, agradeço os cumprimentos e os direcionao ao competente Eduardo Rodrigues, o autor do texto.

Filipe Lima disse...

Ótima análise.

Sempre bom ver um blog que sabe elogiar um treinador que faz um bom trabalho, apesar de todas as adversidades, como é o caso do Adilson no Cruzeiro. No Brasil, virou clichê criticar os treinadores, mesmo quando eles não têm grande culpa no cartório. Legal mesmo ver que ainda há quem saiba elogiar um bom trabalho.

Mudei meu blog de servidor. Peço que, quando puder, mude nos seus favoritos.

http://blogdofilipelima.wordpress.com/

Abraços!

Anônimo disse...

Cara, o Henrique ainda não calou minha boca. Acho ele um jogador que tem potencial para marcar, mas quando pega a bola demora muito para dar o passe, por isso erra muito. É um jogador lento na saída de bola.

E o Adilson terá mais uma oportunidade de mostrar que realmente é um técnico de ponta. Repetir um bom desempenho em 2010 e quem sabe com títulos de mais expressão.

www.giropeloesporte.blogspot.com

Felipe Moraes disse...

Foi um bom ano para o Cruzeiro, apesar do Mineiranazzo

Michel Farias disse...

Acho que o ano do Cruzeiro foi bom.. conseguiu chegar a final da libertadores, e ainda teve gás quando ninguém acreditava e conseguiu a última vaga para a Libertadores do ano que vem..

Abraços, feliz natal e um próspero ano novo!!!

ofuteboleoscariocas.blogspot.com

André disse...

A incapacidade de decidir dentro de casa foi o diferencial para o Cruzeiro nao ter conseguido outra Tríplice Coroa, perdeu muito jogo bobo, que o Cruzeiro foi superior mais nao consegui ganha.

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

Vão pra lá, venham pra cá, naveguem pois:

Você no mapa:


Visitor Map